domingo, 10 de julho de 2011

Porto Alegre



A história do Rio Grande do Sul, o estado mais ao sul do Brasil, inicia-se com a chegada do homem à região, cerca de 10 mil anos atrás. Suas mudanças mais dramáticas, no entanto, ocorreram nos últimos cinco séculos, depois do descobrimento do Brasil. Esse percurso mais recente transcorreu em meio a diversos conflitos armados externos e internos, alguns de grande violência. Guilhermino César dizia, justificadamente, que essa história "é um dos capítulos mais recentes da história brasileira", pois quando no Nordeste já se cantavam missas polifônicas, este estado ainda era ocupado por um punhado de povoados e estâncias de gado português no centro-litoral, e o sul-sudeste era uma "terra de ninguém" onde frequentemente incursionavam tropas espanholas mandadas por Buenos, defendendo os interesses da Coroa Espanhola, proprietária legal da área nessa época. Essencialmente, o Rio Grande do Sul, até o fim do século XVIII, era uma região virgem habitada por povos indígenas. Os únicos focos importantes de civilização e cultura européias em todo o território até esta altura eram um brilhante grupo de reduções jesuítas fundado no noroeste, destacando-se entre elas os Sete Povos das Missões. Entretanto, sendo de criação espanhola, até há pouco tempo as Missões eram vistas como sendo um capítulo à parte da história do estado, tanto mais por não terem deixado descendência cultural direta significativa. Em anos recentes, entretanto, vêm sendo assimiladas à historiografia integrada do estado.

Na primeira metade do século XIX, após muitos conflitos e tratados, obtendo Portugal a posse definitiva das terras que hoje compõem o estado, expulsos os espanhóis, desmanteladas as reduções e massacrados ou dispersos os índios, se estabeleceu uma sociedade de matriz claramente portuguesa e uma economia baseada principalmente no charque e no trigo, iniciando um florescimento cultural nos maiores centros do litoral - Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande.

Imigrantes alemães em POA
Esse crescimento contou com a contribuição de muitos imigrantes alemães, que desbravaram novas áreas e criaram culturas regionais significativas e economias prósperas, bem como com a força de muitos braços escravos. Em 1835 iniciou um dramático conflito que envolveu os gaúchos numa guerra fratricida, a Revolução Farroupilha, de caráter separatista e republicano. Finda a guerra a sociedade pôde se reestruturar. No final do século o comércio se fortaleceu, chegaram imigrantes de outras origens como italianos e judeus, e na virada para o século XX o Rio Grande do Sul havia se tornado a terceira maior economia do Brasil, com uma indústria em ascensão e uma rica classe burguesa, mas ainda era um estado dividido por sérias rivalidades políticas, e houve mais crises sangrentas. Nessa época o Positivismo delineava o programa de governo, criando uma dinastia de políticos herdeiros de Júlio de Castilhos que governou até os anos 1960 e influiu em todo o Brasil, especialmente através de Getúlio Vargas, que em sua origem fora castilhista. No período da ditadura militar o Rio Grande do Sul enfrentou muitas dificuldades no que diz respeito à liberdade de expressão, como enfrentou todo o país, mas o crescimento econômico do Milagre Brasileiro propiciou investimentos na infraestrutura. No final do ciclo, porém, o estado havia acumulado enorme dívida pública. Nas últimas décadas o estado vem consolidando uma economia dinâmica e diversificada, ainda que bastante ligada ao setor agropecuário, e vem ganhando fama como tendo uma população politizada e educada.

Ainda que existam muitos desafios a serem vencidas e grandes diferenças regionais, em geral melhorou sua qualidade de vida alcançando índices superiores à média nacional, projetou-se culturalmente em todo o Brasil e iniciou um processo de abertura para outros cenários em face da globalização, enquanto que passava a prestar mais atenção às suas raízes históricas, à sua diversidade interna, aos excluídos e minorias, e ao seu ambiente natural.

Hoje: Assembleia Legislativa do RS
Em 1822, com a Independência do Brasil, a Capitania se tornou uma Província, foi constituída a primeira Assembléia eleita, e recebeu seu primeiro governante civil, José Feliciano Fernandes Pinheiro, autor também da primeira história geral do estado, os Anais da Província de São Pedro. Nesta altura a população total chegava a cerca de 90 mil almas. Pelo interior os povoados se multiplicavam, aparecendo JaguarãoPasso FundoCruz AltaTriunfoTaquariSanta Maria. As Missões, porém, já caíam em ruínas e apenas os velhos índios se lembravam delas, muitas vezes com saudade. Na capital viviam cerca de 12 mil pessoas. Auguste de Saint-Hilarie, visitando então, considerou-a bela, com um comércio variado, muitas oficinas e casas de dois andares, com um povo formoso e vigoroso, mas deplorou a sujeira das ruas.



O ano de 1824 foi marcado pelo início da colonização alemã no estado, uma iniciativa do governo imperial para povoamento do sul, que visava também a dignificar o trabalho manual, formar uma média independente dos latifundiários, engrossar as forças de defesa do território e dinamizar o abastecimento das cidades.

Por do sol sobre o rio Guaiba em POA
A história de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, no Brasil, inicia oficialmente em 26 de março de 1772,  quando o povoado primitivo foi elevado à condição de freguesia, mas na verdade suas origens são mais antigas, tendo nascido em função da colonização da área por estancieiros portugueses desde o século XVII. A região, contudo, foi habitada pelo homem desde 11 mil anos atrás. Ao longo do século XIX iniciou seu crescimento, tendo os portugueses contado com o auxílio de muitos imigrantes europeus de várias origens, mais os escravos africanos e porções de hispânicos do Prata. Entrando no século XX sua expansão adquiriu um ritmo muito acelerado, num processo que consolidou sua primazia entre todas as cidades do Rio Grande do Sul, e a projetou no cenário nacional. Então se definiram seus traços mais característicos, apenas esboçados no século anterior, muitos dos quais permanecem visíveis até hoje, mormente no seu centro histórico. Ao longo de todo o século XX a cidade se empenhou em ampliar organizadamente sua malha urbana e provê-la dos necessários serviços, obtendo significativo sucesso, mas enfrentando também várias dificuldades, ao mesmo tempo em que desenvolvia expressiva cultura própria, que chegou em alguns momentos a influir em todo o Brasil em vários campos, desde a política até as artes plásticas. Hoje Porto Alegre é uma das maiores capitais do Brasil, e uma das mais ricas e de melhor qualidade de vida, tendo inclusive recebido várias distinções internacionais. Abriga muitos eventos importantes e tem sido apontada várias vezes como um modelo de administração para outras grandes cidades.


O Laçador: símbolo de POA

Na virada do século XX, Porto Alegre passou a ser vista como o cartão de visitas do Rio Grande do Sul, idéia perfeitamente alinhado com os propósitos do Positivismo, corrente filosófica abraçada pelos governos estadual e municipal, e por isso a cidade deveria transmitir uma impressão de ordem e progresso. Para transformar a idéia em fato, a Intendência iniciou um enorme programa de obras públicas, que foram apoiadas em larga medida pelo governo estadual, circunstância favorecida pela Constituição de 1891, que na prática entregava ao estado grande poder sobre os municípios, a ponto de Borges poder impor modificações na Lei Orgânica municipal, restringindo a atuação do Intendente. Partia do Governador a indicação do Intendente, e Borges sucessivamente escolheu José Montaury para a chefia da cidade, elogiando sua capacidade de administrar às claras, minorar o sofrimento dos pobres e refrear a ganância dos capitalistas. A fim de melhor controlar o processo desenvolvimentista, o município atraiu para si a responsabilidade sobre muitos serviços públicos, como o fornecimento de água encanada, iluminação, transporte, educação, policiamento, saneamento e assistência social, em um volume que ultrapassava em muito o hábito da época e superava o que faziam na mesma altura São Paulo e Rio de Janeiro.


Centro administrativo do Rio Grande do Sul (dias atuais)
Para fazer face à despesa, o governo passou a tomar empréstimos no exterior, iniciando a acumulação de significativa dívida externa. Entre 1909 e 1928 a cidade pediu empréstimos no valor de 600 mil libras esterlinas mais quase 10 milhões de dólares, além de ter de arcar com a contratação de um grande número de novos funcionários públicos. Esse programa de governo, o Plano Geral de Melhoramentos, resultou também em uma onda de construções públicas de caráter monumental, renovando a paisagem urbana segundo a estética do ecletismo, a qual, por influência da prestigiada comunidade alemã, foi rapidamente imitada pelas elites para a construção de seus novos palacetes. Foi quando se ampliou o porto num projeto vasto e ambicioso, e se ergueram alguns dos mais significativos e luxuosos prédios públicos da capital, na chamada "fase áurea" da arquitetura portoalegrense, alguns desses edifícios sendo carregados de simbolismos éticos, sociais e políticos, que se revelavam mais conspicuamente na decoração alegórica das fachadas. São exemplos bem ilustrativos dessa tendência o Palácio Piratini, o Paço Municipal, a Biblioteca Pública, o Banco da Província, os Correios e Telégrafos, e a Delegacia Fiscal.


Centro Histórico de POA: o maior ponto turístico da cidade
Porto Alegre era em 2007 a sexta porta de entrada de visitantes estrangeiros no país. Entre 1999 e 2007, 376.095 estrangeiros entraram no estado via aérea por Porto Alegre. e o turismo cresce principalmente por a cidade ser um ponto de partida para viagens a outros pontos interessantes do estado como a Serra do Nordeste, o litoral e a região das Missões. Alguns autores acreditam que o turismo local poderia ser muito mais explorado, especialmente as atividades que envolvem o lago e a cultura, mas tanto a iniciativa privada como a pública já têm direcionado esforços para incrementar esta área da economia. 



Em nível municipal o campo da ciência e tecnologia é administrado pelo Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia, que elabora e discute as políticas públicas para o setor em Conferências Municipais com periodicidade bienal. Outras instâncias oficiais também se dedicam ao fomento do setor, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, desenvolvendo uma série de atividades em pesquisa, ensino e qualificação técnica, de nível elementar a superior, e a Fundação de Ciência e Tecnologia, vinculada ao Governo do Estado, Porto Alegre já sediou várias edições da Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação Globaltech e é a sede permanente do Fórum Internacional Software Livre, o maior encontro de comunidades de software livre da América Latina e um dos maiores do mundo.


Também as universidades locais têm grande empenho na área. A PUC-RS mantém o Museu de Ciências e Tecnologia, dispondo de uma grande área de exposição permanente com mais de 10 mil m² e cerca de 750 equipamentos interativos, além de atuar na pesquisa e ensino científico de maneira destacada, sendo escolhida em 2010, junto com a UNICAMP, como as melhores em Ciências Exatas e Informática A UFRGS também mantém vários núcleos que são referências nacionais em ensino e produção científica. Diversos pesquisadores ativos na capital já receberam premiações e desenvolvem projetos pioneiros em suas especialidades.

Um comentário:

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